À moda antiga...

te vejo
e te beijo
e isso é tudo
é o mais longe
que nossa pele vai

e aí chegam as intensidades
mergulho em seu olhar de
príncipe do deserto
e viajo
transportada
por suspiros
e palpitações

parece um sonho
um sonho
de luzes e sombras
de amor e medo

um medo tão grande
que fica bem
que seja assim

devagar
devagarzim...

Amarras que se desamarram para re- atar

como se fosse uma batalha
uma luta diária
entre o desejo de te ter
e a sensação
de que é bem melhor assim

tão longe
tão perto

como Win Wanders
e seus anjos de Berlin

ou longe dos olhos
mas perto do coração
como diria Chororó
e seu irmão Chitão

após nossos encontros
me angustio
e sou acometida por
apertos no peito
confusão mental
irritação

aí me refaço
e me preparo pra te rever
e sentir aquela alegria
misturada com desespero
e me refaço
e teimo
e sinto
que mesmo assim
isso é amor
que mesmo assim
ainda vale a pena
esperar
que você
que eu
vire gente grande

...um dia

Pesados elos pesadelos

noite interrompida
pelas gotas
torturantes
sonidos
repetidos
percursionando o chão da banheira

noite desperta
madrugada tarda
sono se guarda
pra mais um tiquinho

e é quando os sonhos vêem
perseguições
polícia, ladrão
perigos
chaves
fuga
e medo

novo despertar
ainda adormecido
de quem acha que viver
é amar um bom marido.

Alma errante

nomadismo
ciganices
alma moura
errando pelo deserto das intensidades

o sedentarismo
decididamente,
não é minha praia

alma voa leve
nessa solidão acompanhada
onde o tudo
é nada
e o nada
quie-tude

alma errante
coração arfante
antes hoje
do que antes