quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dia do índio em Trindade, RJ

já não mais
Baco e suas bacantes
Tuco e suas amantes
Dionísio e seus desvarios

quero
amor feinho de Adélia Prado
amor de índio de Beto Guedes

sagrado, puro,
intenso na mansitude
movendo montanhas
"com todo cuidado, meu amor"
e
"sempre viver a seu lado
como o arco da promessa
no azul pintado pra durar..."

Abelha zumbindo
nossos segredos
nossos dias
serenos de alegrias.

(então tá. pode chegar!)

Adeus, namorado nômade!

mais um adeus

que seja o derradeiro, enfim!

namorado nômade
se tornou
uma criança rebelde
projetando em mim
a mãe que educa e repreende
mas no final, como todas
acolhe, perdoa, entende

que nomadize em outras bandas
o tal moço
que faça de outras a sua mãe

e que eu, finalmente,
livre do desgosto
saiba ser filha, amiga, irmã, companheira
de um homem de verdade
e deste homem, a primeira
a ser amada,
e a derradeira
de todas as namoradas

que venha o amigo/irmão/companheiro
que me estenda a sua mão cansada
que me acolha sem luxo, sem dinheiro
e trilhe comigo esta estrada

que venha, enfim
este homem
que parta pra sempre o menino
brincando de viver em meu colo
me levando a fazer desatinos

que partam com ele
minhas dores
e todo esse medo de amar
que fique a paz e as cores
dos sítios por onde eu passar

e sigo assim, um pouco só
até que meu homem não venha
sem desespero, sem dó
pro meu fogo trazer a lenha

e que assim seja!

terça-feira, 14 de abril de 2009

unicamp

a chuva fina vai lavando
minhas dores musculares
brotadas de tanto me sentar
diante desta máquina
de corrigir criar recriar

três anos de academia
meu cérebro deve ter crescido tanto...
tantos livros, tantos textos
hoje, esgotada, quieta no meu canto

aguardo o momento de qualificar
de ouvir, corrigir criar recriar
para enfim, encarar a defesa
com cara limpa, alma leve, beleza

e depois, sem nada a me segurar
esquecer das letras, de frente pro mar!

domingo, 5 de abril de 2009

Namorado Nômade

eu sedentária
capturada pela idéia do matrimônio
biológica
aprisionada pela função procriar
tentando territorializar
um namorado nômade

fugidio
mas que nunca passou um dia
sem me telefonar
ser
desterritorilizado
polígamo
consolador
de ex-namoradas e amigas
que nunca deixou de deixar claro
que
se existisse um harém
era eu a preferida

ser múlitplo desperto
fingindo ser capturado
mas livre do capitalismo
pai solteiro
devir médico
angustiado
impossibilitado de exercer
o que já sabe fazer
mas faltando o pedaço de papel
dr. prone, o cirurgião
me fez mulher

me tirou da adolescência tardia
da ansiedade
da pressa
me fez mulher
adriano prone
cigano
latino-americano
desterritorializado
angustiado
insone
insano
de uma insanidade lúcida
sem precisar provar nada pra ninguém
esteticamente dotado de uma beleza
que inebria
que cativa
que encanta
um sorriso que transporta
uma ginga que faz com que toda mulher que toca
se sinta linda
desejada
gostosa

escorpiano
como eu
ararense
como eu
ex-marido de francesa
como eu, ex-mulher de francês
pai de pré-adolescente
como eu
filho mais velho
como eu
moreno
como eu
amante da mares, rios, represas e cachoeiras
como eu
querido da avó
como eu
adriano
como eu

se existir alma-gêmea
é ele
se existir companheiro ideal
é ele
hoje aprendi
me desterritorializei
mas é ele
o preferido de meu harém
só ele
me faz mulher

talvez chegue alguém
um dia
de outro jeito
num outro tempo
mais perfeito
mas por enquanto é ele
meu cafajeste encantador
que me ensinou
de uma vez por todas
o que é o amor

quarta-feira, 1 de abril de 2009

dia dói feito fogo de sol
noite acalma feito água e brisa
me perco em mim
nesse labirinto chamado peito
cheio de reentrâncias,
carências, despeito
cheio de promessas, doçuras, respeito
e viro puta me oferecendo
e volto à virgem me escondendo
queria ser isso mesmo
eu mesma assim
a múltipla
a nômade
a cigana linda
que sempre habitou em mim.